Sustentabilidade é lucro

Publicado por Ana Lacerda em

 

Ana Lacerda é advogada especialista em Direito Agrário e Ambiental

Conceito muito difundido neste novo milênio, de forma ampla, sustentabilidade significa que a atividade econômica deve suprir as necessidades presentes, sem restringir as gerações futuras.

Em outras palavras, uma atividade sustentável deve ser economicamente viável, socialmente justa e ecologicamente correta, tornando compatíveis duas grandes aspirações: o direito ao desenvolvimento, sobretudo para os países que permanecem em patamares insatisfatórios de renda e de riqueza, e o direito do usufruto da vida em ambiente saudável pelas futuras gerações.

No caso do agronegócio, a sustentabilidade tem como objetivo alcançar um sistema produtivo de alimentos, que aumente a produtividade dos recursos naturais, produza alimentos sadios e nutritivos, garanta uma boa renda aos agricultores, além de conservar o solo, a água, os recursos genéticos animais e vegetais, e não degradar o meio ambiente. Ou seja, torna a atividade duplamente vantajosa, pois não só garante às gerações futuras (filhos, netos e tataranetos) o atendimento às suas próprias necessidades, como gera lucros para quem a pratica.

Ao adotar a sustentabilidade em seus negócios, o empresário rural tem consciência de que é mais vantajoso não colocar em risco os recursos naturais à sua disposição para a produção de alimentos, usando-os de forma consciente e responsável.

Diante da estimativa divulgada pelo ONU (Organização das Nações Unidas) em dezembro do ano passado, de que em 2050 a população irá atingir 9,8 bilhões de habitantes, tem-se que o grande desafio da humanidade será produzir alimento para todo esse contigente, conservando a natureza e evitando o desperdício.

Além disso, o produto originário da agricultura sustentável é cada vez mais valorizado atualmente. Consumidores de todo o mundo, especialmente os europeus, estão atento à rastreabilidade do que compram. Alimentos produzidos por mão de obra escrava e sem nenhuma preocupação com a preservação ambiental já são olhados com desconfiança.

ser sustentável pode ajudar a melhorar o planeta e, simultaneamente, gerar bons resultados financeiros. Um círculo virtuoso

Para produzir de forma sustentável, o produtor rural – brasileiro e de todo o mundo – tem à sua disposição tecnologias e formas de produção necessárias. Há várias técnicas de cultivo e de criação sustentáveis que podem ser implantadas nas propriedades, cujas vantagens são bastante conhecidas como recuperação de pastagens degradadas, maior retenção de água no solo, menor uso de defensivos agrícolas no controle de pragas, ciclagem de nutrientes, etc. Uma dessas técnicas, já muito usada no agronegócio mato-grossense, é o plantio direto (com palhas e resto de vegetais deixados na superfície do solo), indicado como modelo de agricultura pela FAO desde 2001.

A adoção de práticas sustentáveis na propriedade rural pode gerar outros dois benefícios financeiros: a venda de crédito de carbono a empresas poluidoras do meio ambiente e a poupança verde, que nada mais é do que o cultivo, em longo prazo, de árvores para venda como madeira.

As mais comuns são mogno, pinus, cedro e eucalipto, variando de acordo com o bioma. Enquanto a poupança comum rende em torno de 6%, a rentabilidade da poupança verde pode chegar a 13%, mais do que o dobro da poupança comum.

Portanto, ser sustentável pode ajudar a melhorar o planeta e, simultaneamente, gerar bons resultados financeiros. Um círculo virtuoso.

 

 

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