Advogar: cuidar dos Direitos Individuais para construir coletivo mais justo

Publicado por Ana Lacerda em

O psicanalista brasileiro Marco Antônio Coutinho Jorge relatou, em uma de suas palestras, que quando pesquisadores e arqueólogos encontram fósseis humanos, é possível dizer se aquele indivíduo pertencia a um povo civilizado por intermédio de dois quesitos: o enterro dos mortos e a verificação de uma ossada com marca de um fêmur que se quebrou e foi cicatrizado. O estudioso explicou que ninguém com um fêmur quebrado consegue sobreviver sozinho, especialmente em uma vida rudimentar. O fato de encontrar o osso curado demonstra que a pessoa recebeu cuidados de terceiros. Ouso complementar o raciocínio, ampliando a ideia para o direito. É marca civilizatória quando alguém decide defender a causa de outrem.

Comemora-se hoje o dia do advogado, aquele que decide dedicar seu trabalho aos cuidados sobre a Justiça e a vida dos demais. É evidente que há muitas profissões que se dedicam aos cuidados com as pessoas, parabenizamos a todas; mas na data de hoje gostaria de ressaltar alguns pontos essenciais da profissão que escolhi seguir, sobretudo pela observação da atuação do meu pai, à qual pretendo me referir adiante.

“Os advogados são pessoas que tomam a frente de situações e fazem valer a voz daqueles que, por si só, não alcançariam a Justiça”

O ofício da advocacia remonta aos tempos da Grécia antiga, em que se tem notícias dos logógrafos, pessoas encarregadas de redigir discursos para as partes que atuavam em processos, bem como de grandes oradores, que inteligentemente detalhavam situações e defendiam causas, ainda naquela época.

Hoje a advocacia está regulamentada pela Lei Federal nº 8.906/94 – Estatuto da OAB, pelo Regulamento Geral, pelo Código de Ética e Disciplina e pelos Provimentos do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil.

Os advogados são pessoas que tomam a frente de situações e fazem valer a voz daqueles que, por si só, não alcançariam a Justiça. Outrossim, são lembrados por não se renderam à covardia do silenciamento ou às benesses de proventos não merecidos.

A profissão se utiliza da linguagem e do diálogo; da postura pró-liberdade e dos ideais democráticos como direcionadores desse percurso. Ademais, contém consigo muito conteúdo para além do acadêmico; é constante a atuação desse ofício ante as lacunas e contradições socioeconômicas e políticas.

O legislador nacional delega ao advogado a missão de defender a Constituição, prezar pela célere aplicação das leis e assim, contribuir com o aperfeiçoamento da cultura e das instituições jurídicas. Cabe a ele ainda conhecer e posicionar-se pelos interesses coletivos diversos e difusos, impulsionando e dando força a transformações sociais, propiciadas pelo próprio andamento natural da civilização, fazendo renascer o direito diariamente.

Nesse sentido, a função se desdobra sempre que é necessária a intervenção sob a forma de processo no Poder Judiciário. É incumbência desse profissional vislumbrar, dentre todos os caminhos possíveis, a via que será mais benéfica a quem o procura com ânsia de encontrar a Justiça.

Assim, deflagradores de soluções, os advogados são pagos com honorários, palavra que remete à honra da busca incansável dos causídicos.

Com esse ânimo, reporto-me ao meu pai, o advogado José Esteves de Lacerda Filho, aproveitando o ensejo do recente dia dos pais, agradecendo-o publicamente por me inspirar a seguir essa carreira e entender que, acima de tudo, trata-se de um ofício de gente para gente.

Portanto, pela feliz coincidência da data, uma alta e boa saudação aos empenhados advogados; e, claro, aos pais presentes e dedicados! Ambos tão formadores de um todo melhor.

Fonte: rdnews.com.br

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