Educação e Agro: um elo necessário!

Publicado por Ana Lacerda em

Há 50 anos o Brasil precisava comprar alimentos de outros países. Foi apenas com o advento do desenvolvimento do agronegócio que nos tornamos autossuficientes, sustentáveis e em vez de comprar, exportamos nossos produtos para mais de 150 países. Conquistamos uma posição de liderança, inclusive na entrega de proteína animal de qualidade. O agro brasileiro é forte e continua crescendo, segue hoje como base da economia nacional. Definitivamente, mais que nunca, é preciso que esse setor tenha o reconhecimento merecido.

Por ser gigante, o agro também serve de bode expiatório para obrigações que sequer são dele. É alvo de críticas infundadas de influencers que não conhecem qualquer propriedade da porteira para dentro. E infelizmente, aqueles que não conhecem o árduo trabalho que estrutura a produção brasileira, ou mesmo o quanto ela contribui para além de colocar comidas nas nossas mesas, o que já seria muito, são pessoas que fazem muito barulho.

Nesse sentido, é cada vez mais importante que se inicie um processo de educação do brasileiro quanto ao que realmente acontece nessa terra tão extensa e fértil, que é nosso país. Longe de ser uma narrativa promocional, uma narrativa fundamentada na ciência; na história e em fatos reais. Que conecte o povo com o potencial proveniente de setor agropecuário.

São dados públicos que, em 2020, o agro faturou 870 bilhões de reais; teve um crescimento real de 17%; representou 23% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional e gerou, diretamente, 19 milhões de empregos. Os números apontados, que são, evidentemente, grandes, são destinados também para a coletividade, por intermédio dos impostos arrecadados que, posteriormente, devem (ou ao menos deveriam) ser convertidos em serviços para a população, de maneira igualmente grandiosa.

A depender do estado em que se localiza, o setor agrícola pode pagar mais ou muito mais impostos. Ademais, o setor produtivo também paga imposto na aquisição de insumos, máquinas, veículos, combustíveis, energia, material destinado a uso e consumo; para os quais não recebe incentivos e não tem vias de acesso tão simples a crédito. De outro norte, se Mato Grosso possui o título de dono do maior rebanho bovino do país, este é seguido como o de maior tributação sobre o setor pecuário também.

É urgente aproximar da população e despertar empatia a quem tanto contribui para o dia a dia.

“Não há uma só figura que não tenha uma ligação direta ou indireta com a agricultura, pois, no mínimo, como consumidor, recebe esse produto na mesa de casa. Uma calça jeans de algodão; um pneu que vem da borracha; papeis feitos de árvores que se planta; sapatos de couro: todos nós dependemos do produtor. Não há paz onde não há agro. Há fome”

Nas palavras do ex-Ministro da Agricultura e professor da Fundação Getúlio Vargas, Roberto Rodrigues, espera-se que em 10 anos a oferta de alimentos no mundo cresça em 20%, para não faltar comida a ninguém.  Para que isso aconteça, o Brasil tem que crescer o dobro. O desafio não é apenas dos agricultores, mas de todos os brasileiros, pois o produtor rural planta, mas usa uma semente que também foi pesquisada por uma universidade; um cientista, muitos estudiosos. Quem montou a colheitadeira e a pá? Quem fabrica o defensivo; o fertilizante? Toda essa cadeia envolve milhões de famílias.

O crédito para que isso aconteça vem das instituições financeiras, o campo também depende da cidade. Quando se colhe, o produto vai para uma indústria, onde será processado; embalado; distribuído por uma rede de transportes, que depende de estradas, combustíveis; vai para um porto, contrata advogados; motoristas… Não se caminha sozinho.

Não há uma só figura que não tenha uma ligação direta ou indireta com a agricultura, pois, no mínimo, como consumidor, recebe esse produto na mesa de casa. Uma calça jeans de algodão; um pneu que vem da borracha; papeis feitos de árvores que se planta; sapatos de couro: todos nós dependemos do produtor. Não há paz onde não há agro. Há fome.

Nesse viés, é inaceitável a falta de informação ou a má informação sobre esse grande mosaico brasileiro. É preciso promover o aculturamento da população para que essa não seja ignorante quanto à maior riqueza que se tem em nossa terra. Para além de discursos ideológicos vazios, cabe-nos buscar a abertura, a transparência e a divisão de conhecimento fático sobre produção.

De outro diapasão, o mercado de investimentos disponibiliza hoje o ESG, que é um índice que avalia as operações das principais empresas conforme os seus impactos em três eixos da sustentabilidade – o Meio Ambiente, o Social e a Governança. A medida oferece mais transparência aos investidores sobre as empresas nas quais eles estão investindo. O agro nacional está sob critérios rígidos de legislação, fiscalização e investimento.

Ao conhecer a biodiversidade, as florestas e o agro, é possível vislumbrar uma ação mais proativa de discussão e compartilhamento de problemas e soluções que incluem a todos nós.

Dar ouvidos a alguém que não faz parte do agro e que insiste em falar sobre a produção e ser influenciado unicamente por essa fonte, é como perguntar de medicina para o transeunte na rua; é certo que ele já ouviu falar, mas não tem ideia do que está dizendo. É necessário educar.

A importância do agro é maior do que se supõe. Outros países como Estados Unidos, Austrália e China são orgulhosos de sua produção. A quem serve o brasileiro que não sabe o valor do campo? Há que se conectar com a realidade. O agro é um grande complexo que afeta a todos nós e em que o agricultor é o elo mais frágil e mais valioso.

Fonte: rdnews.com.br

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