Nitrato de amônio, explosão no Líbano e cenário no Brasil
Em meio à crise pandêmica que ora se atravessa, o mundo ficou em choque com uma explosão de grandes proporções que ocorreu no Líbano. Nos primeiros instantes em que os vídeos circularam pela internet, cada um tinha um palpite: terrorismo, guerra, acidente… Eis que parece mesmo ter sido um fatídico acidente. Segundo a hipótese mais aceita, a explosão aconteceu pelo mau armazenamento de 2.750 toneladas de nitrato de amônio, que se encontravam, aparentemente, abandonadas no porto da cidade de Beirute.
A substância, utilizada na agricultura como fertilizante, é também utilizada na fabricação de explosivos; ambos os aspectos requerem uma especial atenção quanto aos procedimentos de segurança e armazenamento para que sejam evitadas situações como a ocorrida.
Ademais das necessárias investigações que devem acontecer no território afetado, é imprescindível que se conheça um pouco mais sobre o elemento para aprender a melhor lidar com ele.
De fato, o material não é inflamável, mas é um comburente que favorece a potencialização de combustões quando associado a condições bastante determinadas. Dessa maneira, para que ocorra uma reação como a assistida, é preciso que haja uma fonte de calor intensa dando início ao processo de liberação de gases.
No Brasil, o nitrato de amônio é utilizado especialmente no cultivo de cana-de açúcar, café e alguns citros, como limão e tangerina. Conforme Nota de Esclarecimento para a imprensa publicada pela Associação Nacional para Difusão de Adubos (ANDA), “o composto é um produto químico de fundamental importância para o desenvolvimento da qualidade de vida das pessoas, com aplicação na agricultura como fertilizante, matéria-prima para fabricação de gases anestésicos, tratamento de esgotos e produção de explosivos civis. Devido a suas propriedades químicas, requer cuidados especiais em sua armazenagem, manuseio, transporte e aplicação. Todos os fertilizantes à base de nitrato de amônio são, em condições normais, substâncias estáveis que por si próprias não apresentam risco e não são inflamáveis.”.
Nesse viés, é considerado bastante seguro, apresenta-se sob a forma de um pó branco ou em grânulos solúveis em água, e não é perigoso desde que não aquecido.
“No Brasil, o nitrato de amônio é utilizado especialmente no cultivo de cana-de açúcar, café e alguns citros, como limão e tangerina”
Em solo nacional, o Exército Brasileiro é responsável pelo transporte, manipulação e armazenamento do produto, consoante o disposto nas Portarias nº 56 – Comando Logístico, de 5 de junho de 2017 e nº 147 – Comando Logístico, de 21 de novembro de 2019.
Vale lembrar ainda, que os fertilizantes e similares utilizados na agricultura nacional são das mais diversas naturezas, não sendo o nitrato de amônio o tipo de fertilizante mais usado pelo agricultor brasileiro.
É urgente, mais que nunca, buscar o auxílio de profissionais capacitados para as atividades no campo e reconhecer os esforços empreendidos por quem retira da terra o seu sustento. Não é o simples uso de um componente que deve ser combatido, como é o caso de numerosos fertilizantes e defensivos; mas, sim, deve ser observado o manejo adequado para o aproveitamento livre de quaisquer transtornos.
A agricultura nacional, embora seja importadora de nitrato de amônio, nunca foi objeto de notícia sobre esse tipo de acidente, justamente devido ao rigoroso controle a que são submetidos e ao uso consciente que os produtores brasileiros fazem desse elemento.
Há um maciço investimento do homem do campo em estudos e tecnologia. A aplicação da ciência na agricultura nacional é potente, aliada à segurança e à preservação ambiental; tendemos para uma relação de equilíbrio entre o ser humano e o meio ambiente, acarretando consequências positivas em dimensões sociais, culturais, econômicas, na perspectiva de produção de alimentos e tantos outros insumos fundamentais, o que proporciona, ao final, uma vida mais segura e mais digna à sociedade como um todo.
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